MPMG denuncia Samarco e 14 funcionários por crimes ambientais
Denúncia pede que eles sejam afastados e tenham passaportes recolhidos.
Promotor listou três crimes ambientais, dentre eles associação criminosa.
Seis dos denunciados estão com pedidos de prisão expedidos pela Polícia Civil de Minas Gerais por 19 homicídios, em decorrência do rompimento da barragem, dentre eles Ricardo Vescovi e Kléber Terra. A Polícia Federal também indiciou as empresas Samarco e Vale, uma das donas da Samarco, e a consultoria VogBR, que atestou a estabilidade de Fundão. Neste inquérito, sete pessoas também foram denunciadas, dentre elas, novamente, o diretor-presidente licenciado Ricardo Vescovi. Os demais nomes não foram divulgados.
Durante a entrevista coletiva nesta manhã, o promotor citou o desaparecimento de um vídeo que mostrava a movimentação de lama, em decorrência do rompimento de um dique da barragem de Fundão. Segundo Marcos Paulo Miranda, as imagens foram solicitadas à mineradora, mas não foram cedidas.
"As nossas investigações indicam que o sinistro ocorrido nos dias 16 e 17 de janeiro implicaram em uma imensa movimentação. O rompimento de um dique, chamado dique s2, que fazia parte da estrutura da barragem que havia rompido no dia 5 e sobrecarregou inclusive a barragem remanescente de Santarém. Ou seja, as vidas das pessoas residentes abaixo dessa barragem foram expostas novamente a risco", afirmou o promotor.
Medidas insuficientesO promotor de Justiça do Meio Ambiente Carlos Eduardo Ferreira Pinto, que também participou da coletiva nesta manhã, disse que as medidas da Samarco são insuficientes e que os rios continuam a ser poluídos.
"Não estamos satisfeitos. É muito aquém do que a sociedade espera. (...) As medidas são insuficientes, no que se refere ao vazamento. A poluição continua a ser lançada nos nossos rios, quer seja do ponto de vista das estruturas remanescentes e sua segurança, que ainda não atingiram um nível necessário para resguardar a sociedade. E, principalmente, na eficácia das medidas ainda insuficientes", afirmou.
Já a promotora Carolina Queiroz de Carvalho, que atua na comarca de Ponte Nova, criticou o acordo entre a União e as empresas e chamou a iniciativa de "desastrosa". O acordo assinado no dia 2 de março entre representantes dos poderes públicos federal, dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além da Mineradora Samarco, teve o objetivo de criar um fundo de R$ 20 bilhões para recuperar a Bacia do Rio Doce em 15 anos. A previsão é que, entre 2016 e 2018, a mineradora aplique no fundo R$ 4,4 bilhões.
A campanha “Mar de Lama Nunca Mais”, iniciativa da Associação Mineira do Ministério Público (AMMP), em parceria com o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Meio Ambiente, Patrimônio Histórico Cultural, Habitação e Urbanismo (Caoma), que visa a implantação de um projeto de lei que torne a fiscalização de barragens mais efetiva em Minas Gerais, alcançou mais de 13 mil assinaturas.